domingo, 9 de agosto de 2009

Vida do Mato

V i d a do ma t o – por- Lizaldo Vieira
Sagrado cheiro de coisa boa
Vida virada ao avesso
Santa vida
Mater
Bonita
Alegre
Gostosa
Vida do chão
Da arte em toda parte
VERDADE
Sem preço
Quantas vezes queremos
Gritar desse feito
Falar coisas bobas
Naturais
Da realidade nua e crua
Que só a natureza se permite ouvir
O que a rua não sabe mais
Mergulhar a consciência no orvalho
Ver a da vida tecendo o amanhecer
Ouvir o som vivo da mata
Intacta
Sem machado
Sentir o salutar ar puro
Limpar os pulmões
Encher de oxigênio desengarrafado
Coisa já tão difícil
No mundo globalizado
Que tal beber água fria na bica
Espanando o mato com a mão
Sentir o cheiro de terra viva
Espreitar bicho solto
Preá e raposa em disparada
Macaco saltando de galho em galho
Feito louco
Pássaro engenhando o ninho
No nicho
Esperando a primavera
Quem dera
Ainda escutar a sinfonia da mata
Curtir o balé de galhos e flores
E a mais pura irmanada dos primatas
Quisera
Ainda ouvir o tagarelar da cachoeira
Saltitando fagueira
Entre espumas de cristais
Ah! Que sonho bom de um brasileiro
Mas quanta ilusão
Agora
Sinto a contramão
É que estou acordado
Mirando o tempo cinzento
Inalando cheiro de asfalto queimado
Cercado pela selva de pedra
E espumando carbono
Por todos os lados

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