quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Sobre o Mangue

O Manguezal


É uma bela vegetação que se apresenta na costa brasileira, numa superfície de cerca de 20 mil km2, desde o Cabo Orange, no Amapá, até o município de Laguna, em Santa Catarina, numa estreita faixa de floresta chamada manguezal ou mangue. Este é composto por um pequeno número de espécies de árvores e desenvolvem-se principalmente nos estuários e na foz dos rios, onde há água salobra e local semi-abrigado da ação das ondas, mas aberto para receber a água do mar. Trata-se de ambiente com bom abastecimento de nutrientes, onde, sob os solos lodosos, há uma textura de raízes e material vegetal parcialmente decomposto, chamado turfa. Nos estuários, os fundos lodosos são atravessados por canais de marés (gamboas), utilizados pela fauna para os seus deslocamentos entre o mar, os rios e o manguezal. O Ecossistema manguezal é um grande depósito de matéria orgânica para as águas costeiras, em que é parte fundamental da

O Brasil tem uma das maiores extensões de manguezais do mundo. Menosprezado no passado, pois a presença do mangue estava intimamente associada à febre amarela e à malária, enfermidades já controladas, a palavra mangue, infelizmente, adquiriu o sentido de desordem, sujeira ou local suspeito. O manguezal foi durante muito tempo considerado um ambiente inóspito pela presença constante de borrachudos, mosquitos pólvora e mutucas. A floresta escura, barrenta, sem atrativos estéticos e infectados por insetos molestantes fez com que, até meados da década de 70, se pensasse que o progresso do litoral marinho fosse equivalente a praias limpas, aterros saneados, portos confinados por concreto e experimentos de cultivo para aproveitar os terrenos dos velhos manguezais. Embora seja grande a importância econômica e social do manguezal, este enfoque foi em parte responsável pela construção de portos, balneários e rodovias costeiras em suas áreas, diminuindo a extensão dos mangues.

Ao contrário de outras florestas, os manguezais não são ricos em espécies, porém destacam-se pela grande abundância das populações que neles vivem. Por isso podem ser considerados um dos mais produtivos ambientes naturais do Brasil.

Somente três árvores constituem as florestas de mangue: o mangue vermelho ou bravo, o mangue branco e o mangue seriba ou seriuba. Vivem na zona das marés, apresentando uma série de adaptações: raízes respiratórias (que abastecem com oxigênio as outras raízes enterradas e diminuem o impacto das ondas da maré), capacidade de ultra filtragem da água salobra e desenvolvimento das plântulas na planta materna, para serem posteriormente dispersas pela água do mar. A flora do manguezal pode ser acrescida de poucas espécies, como a samambaia do mangue, a gramínea Spartina, a bromélia Tillandsia usneoides, o líquen Usnea barbata (as duas últimas conhecidas como barba de velho e muito semelhantes entre si) e o hibisco.

No Norte do País, as espessas florestas de mangue apresentam árvores que podem atingir 20 metros de altura. Na região Nordeste há um tipo de manguezal conhecido como "mangue seco", com árvores de pequeno porte em um substrato de alta salinidade. Já no Sudoeste brasileiro, apresenta aspecto de bosque de arbustos.

O chão escuro do mangue é coberto por água na preamar. Ricas comunidades de algas crescem sobre as raízes aéreas das árvores, na faixa coberta pela maré, e, entre elas, encontram-se algas vermelhas, verdes e azuis. Os troncos permanentemente expostos e as copas das árvores são pobres em plantas epífitas. Bactérias e fungos decompõem as folhas do manguezal e a cadeia alimentar é baseada no uso dos detritos resultantes desta decomposição.

O manguezal é um ecossistema associado do bioma mata atlântica, de grande importância ecológica e social. É deposito de matéria orgânica das águas costeiras, e também é parte fundamental da cadeia reprodutiva e alimentar das espécies que habitam os mares. O mangue serve de proteção para muitas espécies marinhas que chegam nas suas águas mornas, mansas e cheias de nutrientes para se reproduzir e procriar. O mangue é também local de pouso das aves migratórias e habitat de varias espécies de animais inclusive mamíferos.

Ele serve como elemento de amortização de cheias e inundações provocadas pelas grandes mares e ações dos ventos nos estuários. Protege a linha de costa contra a erosão e invasão das ondas do mar. É muito importante para a manutenção da biodiversidade marinha e serve de reator natural, onde são imobilizados os produtos químicos a exemplo dos materiais pesados, pois funciona como filtro do material poluente e dos sedimentos. Ele também age contra os efluentes nos seus diferentes níveis e ainda funciona como depositário da paisagem nativa como na qualidade de ecossistema associado do bioma mata atlântica. É um importante laboratório do publico cientifico que estuda a biodiversidade marinha e receptor do lazer e do turismo ecológico pois contribui para a manutenção da beleza da paisagem cênica das regiões. No mangue também é retirado o alimentos de inúmeras comunidades locais pela produção de crustáceos e mariscos.

Ultimamente devido ao crescimento urbana e da especulação imobiliária, os mangues estão sendo riscados do mapa da vegetação brasileira, com aterros clandestinos, retirada de madeira para cercas e padarias, implantação de viveiros de carcinicultura, e poluição por despejos de esgotos inatura. Com isso, as áreas produtivas das mares como ostra, sururu, aratú e o caranguejo uca estão ficando extintas e gerando grande conflito e impactos socais para inúmeras famílias de pescadores, catadoras e marisqueiras, que são expulsas das áreas, contribuindo assim como o aumento do desemprego e acaba jogando as famílias para a periferia dos centros urbanos, sobreviver do subemprego. .
Quanto à fauna, destacam-se várias espécies de caranguejos, formando enormes populações nos fundos lodosos. As ostras, mexilhões, e garças que se alimentam com,,pequenos fragmentos de detritos vegetais, ricos em bactérias. Há também espécies de moluscos que perfuram a madeira dos troncos de árvores, construindo ali os seus tubos calcários e se alimentando de microorganismos que decompõem a lignina dos troncos, auxiliando a renovação natural do ecossistema através da queda de árvores velhas, muito perfuradas.

Os camarões também entram nos mangues durante a maré alta para se alimentar. Muitas das espécies de peixes do litoral brasileiro dependem das fontes alimentares do manguezal, pelo menos na fase jovem. Entre eles estão bagres, robalos, manjubas e tainhas. A riqueza de peixes atrai predadores, como algumas espécies de tubarões, cações e até golfinhos. O jacaré de papo amarelo e o sapo Bufo Marin us podem, ocasionalmente, ser encontrados.

Aves típicas são poucas, devido à pequena diversidade florística; entretanto, algumas espécies usam as árvores do mangue como pontos de observação, de repouso e de nidificação. Estas aves se alimentam de peixes, crustáceos e moluscos, especialmente na maré baixa, quando os fundos lodosos estão expostos. Entre os mamíferos, o coati é especialista em alimentar-se de caranguejos. A lontra, hábil pescadora, é freqüente, assim como o guaxinim.

Os manguezais, usados pelos homens dos sambaquis há mais de 7 mil anos e, a partir de então, pelas populações que os sucederam, fornecem uma rica alimentação protéica para a população litorânea brasileira. A pesca artesanal de peixes, camarões, caranguejos e moluscos é para os moradores do litoral a principal fonte de subsistência.

Embora protegido por lei, o manguezal ainda sofre com a destruição gratuita, poluição doméstica e química das águas, derramamentos de petróleo e aterros mal planejados.

SERGIPE

Em Sergipe, ocorre na desembocadura dos principais rios, sendo mais significativos nos estuários dos rios Piauí - Real e do Vaza-barris. Ocorrem também nas bacias do São Francisco, do Sergipe e do Japaratuba. Em 1975, o estado contava com 555,7 Km2 de área de mangues, de acordo com a EMBRAPA, em 1981, de acordo com o projeto RADAM Brasil esta área foi reduzida para 468,7 Km2 . Atualmente, segundo a ADEMA, Sergipe tem aproximadamente 262 Km2.. A diminuição da área do mangue deve-se à forte ação antrópica , principalmente à especulação imobiliária na área urbana de Aracaju e com a carcinicultura nos demais municípios
O Ecossistema manguezal é um grande depósito de matéria orgânica para as águas costeiras, em que é parte fundamental da cadeia alimentar marinha

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